Assédio moral pode ser conceituado como toda conduta ofensiva e reiterada praticada por pessoa em ascendência hierárquica ou colega de trabalho. Já o assédio sexual caracteriza-se por condutas praticadas por pessoa em ascendência hierárquica, com objetivo de obter da vítima favorecimento de ordem sexual, por meio da promessa de alguma vantagem profissional ou através de ameaças de prejudicar as relações de trabalho da pessoa assediada. 

     Tanto mulheres quanto homens podem ser vítimas do assédio moral e do assédio sexual, e é também possível a ocorrência concomitante destes dois tipos de assédio.

     O assédio moral no trabalho pode ocorrer tanto por condutas enfáticas do assediador, através de palavras e gestos, quanto de forma apática, através de atitudes que revelem indiferença e segregação da vítima do círculo laboral. O assédio moral no trabalho comumente inicia com condutas que coloquem em dúvida a competência profissional da vítima, que por ficar vulnerável, passa a se sentir pressionada a trabalhar cada vez mais, e a conviver com a angústia de não conseguir atender as lancinantes e inatingíveis exigências do assediador. 

     Da mesma forma, o assédio sexual também não costuma ser notado de imediato, pois é comum o assediador envolver a vítima em uma aura de aparente legalidade, disfarçando as suas más condutas de reconhecimento profissional, incutindo na vítima desejos de progressão na carreira, mas que com o passar do tempo desencadeiam no efetivo assédio sexual, com imposição à vítima de encontros fora do ambiente de trabalho e aceite de efetivas propostas libidinosas sexuais, sendo que com a negativa da vítima, é comum o assediador se voltar contra ela com ameaças de aviltamento profissional e até mesmo de demissão.

     Uma das principais dificuldades da vítima de assédio, seja moral, seja sexual, é perceber que ela está sendo assediada. Isso acontece porque as condutas assediadoras, embora contínuas, costumam ser praticadas aos poucos e de maneira dissimulada, a tal ponto de ludibriar a própria vítima, que quanto mais fragilizada estiver, mais fortemente será assediada e maior dificuldade terá em reagir frente à violência sofrida. 

      Assim, quanto mais prolongado for o tempo em que a pessoa passa em uma rotina de assédio, maior a sua vulnerabilidade e dificuldade de perceber que está sendo vítima de condutas abusivas. A vítima do assédio passa então a se auto culpar e a cogitar serem merecidas as críticas sofridas e a indiferença com que é tratada pelo assediador. Muitas das vítimas de assédio moral e sexual, somente conseguem romper com este vínculo abusivo quando adoecem e são forçadas a se afastar do trabalho, enquanto que outras destas vítimas, felizmente, conseguem com auxílio de colegas, amigos, familiares e profissionais especializados, perceber em tempo que estão sendo vítimas de assédio no trabalho. 

     Por isso, a recomendação que se dá, é que o trabalhador esteja sempre atento à forma como ele se sente ao desempenhar o seu trabalho, pois uma rotina laboral saudável, pode até cansar o corpo e a mente, mas jamais pode causar sofrimento, seja físico, seja emocional. Caso o trabalhador, em razão do tratamento que lhe é dispensado no ambiente de trabalho, esteja passando por dificuldades que lhe pareçam ser intransponíveis, deve imediatamente relatar os fatos a pessoa de sua confiança, devendo ter sempre em mente a certeza de que há pessoas e profissionais que podem orientá-lo e auxiliá-lo a transpor estas dificuldades.