Transição de carreira do Bancário: os desafios e as novas oportunidades
Durante muitos anos, a transição de carreira do trabalhador bancário, ainda que desejada, era muito difícil. O serviço sempre foi extremamente importante e útil para a população, mas acabava por restringir a área de atuação do profissional, que ficava refém de apenas 3 ou 4 outros bancos que poderiam contratá-lo. Assim a transição de carreira normalmente se dava dentro do próprio sistema bancário.
Segundo dados do INSS, o número de bancários que precisaram se afastar do trabalho cresceu 30% entre 2009 e 2017, com aumento expressivo de 61,5% nos casos de transtornos mentais. Sendo assim, a busca pela qualidade de vida virou a grande tendência entre os trabalhadores do setor, impulsionada pelo cenário de pandemia, onde inúmeros valores pessoais foram revistos, e a tendência é que a qualidade de vida e a valorização do tempo com a família despontem como principal requisito nas relações de trabalho. Os profissionais podem optar, entre outras , por duas grandes áreas de atuação:
a) Plataformas de investimentos;
b) Cooperativas de crédito.
Apenas na região do vale do Itajaí e Joinville, por exemplo, os funcionários de determinadas agências bancárias foram contratados, em um único movimento, por uma das maiores corretoras independentes do país.
Nessas plataformas e escritórios de investimentos, se destacam a ausência de um controle rígido de horário e a vinculação da remuneração a própria produção individual. Assim, a migração dos bancos, que possuem horários rígidos e extenuantes de trabalho, quase como uma linha de produção “fordiana”, para essas plataformas se tornou a tendência no sistema financeiro. Independentemente do tamanho da cidade, ou localização geográfica, visto que muitas plataformas de investimentos já possuem programas de atendimento remoto, “Anywhere”. Não mais importa se você está em São Paulo/SP ou Jaraguá do Sul/SC, todos os bancários podem optar por essa transição, desde que tenham certificação e bons relacionamentos.
Desponta também, principalmente em Santa Catarina, as contratações de bancários para atuarem em cooperativas de crédito. Segundo estudo do Banco Central, a carteira de crédito das cooperativas teve um aumento acumulado de 134,6% em apenas 4 anos e afirmou que ainda há espaço para crescimento do crédito no setor. Esse crescimento supera o do setor bancário que sofre com a migração de clientes, principalmente em cidades do interior, para as cooperativas.
As cooperativas, ainda que possuam sistema de funcionamento muito similar aos bancos, tem como atrativo uma qualidade de vida dentro de um ambiente voltado ao bem estar do funcionário (cooperado) com inúmeros benefícios e programas de RH voltados a satisfação do empregado, além de ser um ambiente sem ameaças constantes de demissão, haja vista a baixa rotatividade dos funcionários.
Ainda há, nestes dois sistemas, um amplo espaço de atuação aos bancários que estão insatisfeitos com a sua atual situação gerada, principalmente, pelo acumulo de serviço em virtude das demissão constantes de funcionários, o aumento de metas sem nenhum embasamento na capacidade do mercado, as constantes ameaças de demissão e, principalmente, os assédios velados que ocorrem diariamente e causam doenças físicas e mentais que causam prejuízo ao bancário e a sua família.
Cabe ao trabalhador buscar o seu aprimoramento com cursos e certificações do mercado financeiro, bem como a expansão da sua rede de relacionamento e clientes para que, no futuro, seja cortejado por grandes player’s do mercado e, caso queira, possa abandonar os sistema bancário brasileiro, famoso pelos altos lucros, baixo retorno proporcional aos funcionários e causador de inúmeros problemas de saúde.